15 de abril de 2009

Os últimos dias



Perugia, Assis, San Marino, Bologna, Pisa, Porto, Viana 11, 12, 13-04

A viagem até Perugia, o pai cansado e quase a adormecer a conduzir, a cantoria minha e da Gui para o pai acordar, a "Cinderela" que ela me fez decorar todinha sem erros, a mãe que nunca mais decorava, Perugia by night lá no alto cheia de vida, a noite mal dormida, as dores de cabeça agora sei por causa de um ataque de sinusite, as casinhas de pedra de Assis e as pinturas coloridas, a estrada das curvas infinitas até San Marino, chegada tardia a Bologna, um abraço apertado, a chave que não tinha, a mala por fazer, a preguiça de sair da minha Bologna, conversas sobre o amanhã, o barco roubado entregue, o que será. Acordar mais cedo do que o despertador, adivinhar que a mala só tem 15kg, a família, o trânsito que quase nos fez perder o voo. A viagem que não acabava nunca, as dores de cabeça infinitas. Um Porto chuvoso e frio, o nosso carro, 45min até Viana, a cidade deserta do feriado e da chuva. A casa, a casa desabitada há uma semana, fria, o sofá novo e o escritório arrumado, o velho cheiro do meu quarto. Os amigos que não estão cá, a Gui a querer brincar, dores de cabeça que não acabam. A voz da Vera, as novidades. A minha cama. A mala já feita para voltar, está sempre aberta para partir.

Cinderela

Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até chorou...
E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses bons momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

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