19 de fevereiro de 2009

Bothanica


odeiam-te, desejam-te. não te livras dos olhares que te petreficam. ficas aí exposta nessa prâmide de espelhos. Encarcerada.
presa, subjugada neste quadro infinito, imortal, neste cenário de sufoco, nesta imagem dela que é minha e me absorve mais. toco-me percorro-me contigo comigo. desaparece. somos quatro ou o mundo, somos duas, somos uma, natura. preciso de respirar por um segundo, não te quero reflexo. um arco de braços num mergulho simétrico no céu e no inferno sendo tu sou eu, sou rosa, pétala, raíz, sou bicho, sou deusa e sereia, esfumo-me em mim em ti, qualquer uma de nós e rastejo na imagem de mim.
simétrico ansioso, sensual. sou o interior da Terra, sou lava que te persegue e te queima as veias, sou a ilusão e o intocável, sou o corpo que sonhas abraçar, sou o que não se pode igualar, sou tu cristalizada em imagem atroz, não me podes deixar. sou eu a algema que te mata e te mostra a vida. parasita. eles olham para mim que sou utopia, sou desejo, sou círculo de eternidade que te esmaga.
arrasta-te sobre mim.

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